Recentemente, participei, em Campo Grande, do evento chamado “Café com Política”, organizado pela BPW, Associação de Mulheres de Negócios, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Encontrei diversas mulheres corajosas e aguerridas, que enfrentam desafios cotidianamente, aguçados pelas crises que se sucedem. Acostumadas a arregaçar as mangas, elas pretendem fazer deste evento uma tradição, até que se alcance o objetivo final de trazer, para o mundo da política, as boas soluções do mundo dos negócios, além de estimular a ampliação da representatividade feminina em todos os níveis.
Não é por falta de mérito os muitos degraus que ainda se mostram para que as mulheres se posicionem mais alto na política e no mercado de trabalho. Temos mais anos de estudo, finalizamos mais cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado. Mas, no mundo do trabalho, ainda recebemos menos do que os homens, ainda que exercendo as mesmas funções. No mundo corporativo, somos exceção entre os CEOs de grandes empresas. Nas profissões científicas, também somos minoria.
No Congresso, há exemplos de propostas que buscam mecanismos para corrigir essas distorções no mercado de trabalho e garantir mais espaço às mulheres nos postos de comando. O projeto (PL 7179/17), por exemplo, reserva 30% de vagas para mulheres nos conselhos de administração de empresas públicas. O texto, no entanto, apesar de aprovado no Senado, aguarda, há anos, pela votação na Câmara dos Deputados.
Por séculos, a mulher esteve sob o domínio do patriarca ou do marido, até para poder trabalhar ou ser dona de seu próprio negócio. Hoje, depois de muita luta, a realidade é bem diferente. As mulheres movimentam a economia e já representam 34% dos donos de empresas no País, 48% dos microempreendedores individuais.
Entretanto, uma grande parcela das mulheres continua exercendo as profissões mais impactadas pelo desemprego gerado pela pandemia, especialmente nas áreas de serviços, comércio e do emprego doméstico. Diante de tal realidade, a coragem feminina não se fez ausente. A presença feminina no empreendedorismo é um bom exemplo.
Isso demonstra a importância das mulheres de negócios na busca por melhores soluções para as nossas crises. E que encorajar mulheres a se interessarem pela participação política – propósito dos mais bem-vindos da BPW de Campo Grande – é tarefa cotidiana que, certamente, renderá bons frutos no futuro. Tomara este futuro esteja próximo.
*Simone Tebet é senadora pelo MDB-MS. Ex-presidente da CCJ