Para a pré-candidata do MDB ao Planalto, alegar falta de dinheiro público para o setor é desculpa de maus gestores ou de políticos insensíveis ao tema
A senadora Simone Tebet, pré-candidata do MDB à Presidência da República, disse hoje, domingo, 13/03, em visita à organização Educafro, na região central de São Paulo, que é possível atuar na área social com recursos do Orçamento da União – e fazer isso com responsabilidade social. “O problema, como se sabe, não é a falta de dinheiro, mas o fato de ele ser mal gerido”, afirmou. A parlamentar observou ainda que a cada ano o governo federal abre mão de cerca de R$ 300 bilhões em renúncias fiscais como forma de incentivar setores da economia. “É muito dinheiro e é possível remanejar parte desse valor para investir no social”, disse. “E podemos fazer isso a partir de agora.”
No encontro, ao lado de Frei Davi, coordenador da Educafro, ela ponderou que o a pobreza no Brasil possui especificidades. Ou seja, na prática, não é igual. “A face mais pobre do brasileiro é de uma mulher e ela é negra”, disse. “E temos de considerar esse fato na hora de investir.” Nesse aspecto, a pré-candidata especificou ações pontuais que possam ter impacto direto nessa realidade: “Podemos, por exemplo, ter linhas de financiamento, com juros menores e carências maiores, para mulheres negras empreendedoras”.
Também participaram do encontro, Evelyn Barbosa da Silva, assistente jurídica da Educafro, e Ana Paula Gomes de Oliveira, coordenadora da Escola de Líderes da Educafro. “Hoje, a Educafro começa a ouvir os pré-candidatos à Presidência da República e quem abre os trabalhos é a senadora Simone Tebet”, disse o frei Davi. “Aliás, para nós, é uma honra dar início a essa atividade com uma mulher.”
De acordo com Frei David, o objetivo desses encontros é alertar os pré-candidatos quanto à importância de os programas de governo contemplarem o combate ao racismo. “Não é mais possível governar o Brasil sem entender o racismo estrutural”, observou ele. Uma afirmação com a qual a pré-candidata do MDB não só concorda como vem difundindo em suas visitas a diversas regiões do país, dentro da “Caminhada da Esperança”.
A Educafro é uma organização social que, entre outras ações, oferece cursinhos gratuitos à jovens afrodescendentes e de baixa renda para que eles tenham acesso às universidades. A entidade chegou a São Paulo em 1997. Criado originalmente na Bahia, o projeto é desenvolvido por pessoas voluntárias. Além de organizar núcleos pré-vestibular nas periferias de todo Brasil, o Educafro tem como meta fomentar o surgimento de novas lideranças e cidadãos conscientes nas comunidades e nas universidades brasileiras.