A senadora Simone Tebet (MDB-MS) voltou a criticar a negociação da Petrobras com a empresa russa Acron para a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Ela informou que participou de reunião com representantes de petroquímicas esta semana e foi alertada de que a fábrica está sendo vendida barata. E, pior, sem cláusula exigindo que a Acron termine a obra, que produza fertilizantes no Brasil, ou que impeça o desmonte de equipamentos modernos e caros existentes ali para levá-los a outros locais, como a Rússia, por exemplo.
A senadora reforçou o pedido de informação ao Ministério de Minas e Energia e à Petrobras onde questiona a venda e alternativas para a fábrica, como a sugestão de a estatal finalizar a obra 83% pronta e vender para petroquímicas brasileiras ao invés de fechar a negociação com a multinacional russa.
“Essa fábrica está sendo vendida barata, está sendo vendida sem a cláusula exigindo que a Acron termine a fábrica de fertilizantes. E mais, a pergunta é: há alguma cláusula ali dizendo que esses equipamentos, que são os mais modernos do mundo, não vão ser depois destruídos, no sentido de desmontados e levados para a Rússia? Isso é crime de lesa-pátria. Isso mostra a falta de planejamento do Governo, a falta de competência, a insensibilidade da Petrobras, o total desconhecimento da Petrobras, que é nossa, é do povo brasileiro”, criticou.
Simone ressaltou ainda que o Brasil depende parcialmente da Rússia para produzir fertilizantes e colocar comida na mesa da população. Destacou também a importância do nosso País como produtor de commodities. “800 milhões no mundo passam fome; 27 milhões no Brasil passam fome. Estamos sentindo o desespero do agronegócio, porque não tem certeza de ter fertilizantes para a próxima lavoura de outubro, novembro, dezembro. Os reflexos para o plantio já chegaram nas gôndolas dos supermercados – inflacionado. Se hoje podemos ainda comprar alimentos, e centenas de milhares de trabalhadores já não podem mais comprar, têm que escolher entre o óleo de cozinha e o arroz, ou entre o arroz e o feijão, e o botijão de gás”.
Guerra
A senadora ainda comentou os impactos da guerra entre Ucrânia e Rússia. “Não é uma guerra geopolítica; ela é geoeconômica. Se essa guerra não terminar – e não terminar com urgência –, nós podemos estar diante da maior catástrofe humanitária! E essas não são palavras minhas. O The New York Times dá conta de que, abro aspas: “Do Brasil ao Texas, safras estão sendo ameaçadas, projetando o aumento mundial da fome”, o que a ONU já anuncia como, entre aspas, “catástrofe”. Mais, matéria na Folha de hoje informa que os brasileiros podem ficar sem fertilizantes, porque têm garantidos apenas 28% das suas necessidades”, comentou.