Ministra Simone Tebet elogiou programa do BID e ressaltou importância de respeito às prioridades de cada país, embora todos concordem que é preciso manter a floresta em pé
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, coordenaram hoje, 30 de junho, uma reunião com ministros de outros seis países amazônicos para discutir uma articulação de projetos destinados a impulsionar o desenvolvimento sustentável e inclusivo da Amazônia. O encontro lançou o programa Amazônia Sempre (Amazônia Forever), do BID, uma iniciativa abrangente que visa ampliar o financiamento e aprimorar a coordenação regional para a acelerar o desenvolvimento econômico e social da região amazônica em bases que garantam a floresta de pé e a participação da população da região.
Ao final do encontro, os governadores assinaram uma declaração conjunta em apoio ao programa do BID. Estavam presentes os governadores do BID (ministros de Finanças ou Planejamento) de Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname. O encontro também serviu como uma preparação para a Cúpula da Amazônia, que acontece em agosto e reunirá os presidentes dos países amazônicos sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na declaração, os ministros ressaltam que “dadas as múltiplas crises que o planeta enfrenta, bem como o crescente consenso científico de que a bacia amazônica está atingindo um “ponto de inflexão” ecológico, há uma necessidade urgente de garantir financiamento expandido e inovador, compartilhar conhecimento e aprofundar a coordenação econômica entre nossas nações, promovendo a transferência de tecnologia e o desenvolvimento de capacidades por meio do intercâmbio de conhecimento.” Diante dessa avaliação e reconhecendo a longa experiência do BID na região, os ministros endossaram, no encontro, o programa Amazônia Sempre. O pipeline em projetos do BID já identificado para a região, considerando todos os países, soma de US$ 1 bilhão em 2023.
A ministra Simone Tebet, ao falar da iniciativa do BID, destacou a importância da articulação dos projetos da região para potencializar os resultados dos investimentos feitos e lembrou que o BID, individualmente, já apoia diversas iniciativas em cada um dos oito países amazônicas. “Quando não temos recursos suficientes, que eles sejam eficientes e em projetos que permitam a integração regional, potencializando os resultados”, acrescentou.
Tebet, que é a governadora do Brasil junto ao BID, disse que a integração de projetos entre os países amazônicos vai ao encontro do que o presidente Lula tem falado. “Vamos voltar a ter a integração regional com os países vizinhos, e nesse caso específico com os países amazônicos. Isso representa não apenas maior eficiência de recursos públicos e integração, mas também o desenvolvimento regionalizado e inclusivo”, disse ela na entrevista que antecedeu o encontro.
Tebet também ressaltou a importância do diálogo com os países vizinhos para entender e respeitar a prioridade de cada um. “Onde os projetos dos demais países são coincidentes com os projetos no Brasil na área de saneamento, na área da bioeconomia, na área da sustentabilidade, na área da conectividade do mundo digital, na infraestrutura?”, ponderou a ministra do Planejamento e Orçamento, apontando que essa iniciativa do BID ajuda nesse diálogo. “Temos o mesmo interesse que é manter a floresta em pé, mas sem descuidar do homem e da mulher amazônica. No caso do Brasil, essa região é a mais pobre, e a preocupação é que ela possa efetivamente se desenvolver com qualidade, preservando o meio ambiente”, disse ela.
Goldfajn explicou que, na visão do BID, trabalhar de forma coordenada com os países é fundamental para enfrentar o tamanho do desafio climático. “Diante desse desafio, onde a Amazônia é fundamental, precisamos usar os nossos recursos na melhor forma possível”, disse ele. O BID, explicou, já tem várias iniciativas no Brasil e nos demais países da região amazônica, mas a intenção é coordenar as iniciativas, respeitando as particularidades e as definições do governo de cada país, funcionando como um programa guarda-chuva. “A ideia do Amazônia Sempre é pensar na Amazônia sustentável. E a ideia é ter um programa que olha a Amazônia como um todo”, acrescentou Goldfajn, ressaltando a centralidade das comunidades indígenas no projeto.
Tebet também ressaltou a participação dos ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente no encontro, dada a transversalidade e a importância da agenda. A ministra lembrou que o BID já financia os países da América Latina e Caribe em várias frentes, como infraestrutura, saneamento e bioeconomia. “A novidade aqui é uma política de financiamento específico direcionado para essa região, e de forma integrada. Já que os recursos são poucos, que sejam colocados em programas eficientes e que interliguem a região”, reforçando a necessidade do foco na preservação ambiental aliada com alternativas de subsistência para os homens para as mulheres que moram na floresta.
O Amazônia Forever é um programa guarda-chuva organizado em três frentes: uma plataforma para mapear todos os recursos existentes dedicados à Amazônia para facilitar novos financiamentos e orientar novas decisões de projetos; desenvolver uma unidade para elaborar e facilitar a preparação de novos projetos; e criar uma rede de ministros de Finanças e Planejamento dos países da região para acompanhar e supervisionar os resultados do Amazônia Sempre.
Mais informações do Amazonia Sempre podem ser encontradas aqui.
Veja como foi a reunião de representantes dos governos dos Estados da Amazônia Legal, do MPO e do BID na tarde desta sexta-feira.