A comitiva do governo federal realizou ainda uma visita técnica ao porto de Tabatinga no Amazonas
O Acre, um dos Estados mais isolados do país do ponto de vista da infraestrutura aeroportuária e rodoviária, poderá usufruir da reversão dessa situação em pouco tempo. A Rota Quadrante Rondon, uma das cinco rotas do projeto de Integração Sul-Americana, desenha o acesso do Estado aos portos do Peru e se apresenta como uma oportunidade para agregar valor à produção e impulsionar o desenvolvimento do Estado, ao reduzir o tempo de transporte das mercadorias acreanas para outros mercados, especialmente o asiático. “Essas obras significam emprego, renda e produção para os acreanos. E as rotas que envolvem o Acre estarão prontas até final de 2026, com exceção da ponte em Rondônia”, disse hoje a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, em evento com autoridades e sociedade civil em Rio Branco, no Acre.
No mesmo dia, a comitiva realizou uma visita técnica a um porto, situado no munício de Tabatinga, no Amazonas. Acompanhados de autoridades do Estado e parlamentares, os ministros e o governador do Amazonas navegaram na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, a bordo do navio- patrulha fluvial Rondônia.
“As rotas de Integração Sul-Americana se propõem a integrar o Brasil com países da América do Sul, mas também para fazer a nossa produção chegar de forma mais rápida e mais competitiva nos mercados da Ásia, hoje o maior comprador dos produtos do Brasil”, disse Tebet. Segundo a ministra, as saídas para o Pacífico podem reduzir em até três semanas o tempo do comércio brasileiro com a Ásia.
Tebet detalhou as três obras no Brasil e o porto de Chancay, no Peru (inauguração prevista para novembro), que tornarão o sonho da saída acreana para o Pacífico em realidade. O contorno de Brasiléia (cuja licitação deve ser lançada até maio), a conclusão de duas pontes na BR-245 (inauguração no segundo semestre) e a ponte de Guajará-Mirim, em Rondônia (já em processo de licitação, mas uma obra mais demorada porque serão 3 kms de extensão) são obras do Novo PAC. As duas primeiras somam R$ 24 milhões e a ponte representa um investimento federal de R$ 430 milhões. “Essas obras significam emprego, renda, produção para os acreanos. E as rotas que envolvem o Acre estarão prontas até final de 2026, com exceção da ponte em Rondônia”, disse a ministra.
Tebet explicou que todas as obras no Brasil já estão previstas no orçamento e, portanto, esses recursos necessários para sua execução ao longo dos próximos três a quatro anos, estão garantidos. Ela também lembrou que o projeto também conta com uma carteira de financiamento de US$ 7 bilhões para financiar obras nos demais países, bancada por bancos regionais de desenvolvimento. Além desses recursos dos bancos regionais, o BNDES colocou mais U$ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) para obras no Brasil, que podem ser acessados por governos estaduais e municipais, acrescentou a ministra.
Ao abrir o caminho para o Pacífico, que torna o produto brasileiro mais competitivo, abre-se uma oportunidade para que o agronegócio e outros setores façam investimentos no Acre para agregar valor à produção local e gerar emprego de mais qualidade no Estado, observou a ministra. “A transformação da economia será gigante”, disse Tebet. Para a ministra, ao investir no interior do Brasil, o governo atua para reduzir a desigualdade social no país, pois uma das suas causas é justamente a desigualdade regional.
O ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, sobre a preocupação que o governo federal tem tido com o olhar estratégico para o Acre. Ele ressaltou a dragagem do rio Madeiro e a ampliação de novas rotas para a aviação do Estado. “Tanto aqui em Rio Branco, quanto em Cruzeiro Do Sul, as obras estão em andamento, e o compromisso é que até outubro deste ano possamos estar com os dois aeroportos prontos, estruturados, para poder melhor receber a população. Um investimento de mais de R$160 milhões no estado. É um compromisso nosso ampliar a malha aérea do Estado”, disse o ministro.
Sobre as rotas de integração sul-americana, o ministro destacou o potencial de geração de emprego e renda e desenvolvimento da região, sobretudo em investimentos de infraestrutura. “No projeto das rotas de integração, sob liderança da ministra Simone Tebet, estamos trabalhando obras de maneira transversal, com investimento em infraestrutura, rodovias, hidrovias, aeroportos, portos”, disse o ministro.
Autoridades e representantes dos empresários do Acre ressaltaram a importância dos investimentos que o governo federal está fazendo para melhorar a integração logística do Estado. Para o prefeito da capital acreana, Tião Bocolom, as rotas contribuíram para a independência financeira do estado. “Queremos sair da dependência das transferências governamentais e só conseguiremos isso com crescimento da economia”. O prefeito ponderou que a integração do Acre com outras regiões do Brasil e outros países é um dos caminhos para o desenvolvimento do Acre. A deputada federal Antônia Lúcia, afirmou que os investimentos em rotas para o Pacífico se mostram como condição para que agricultores e empresários da região continuem a investir no estado.
O senador Alan Rick falou sobre o destaque o protagonismo da região. “A Amazônia vem sendo alvo de todo tipo de promessa, sobre manter a floresta em pé e desenvolver as potencialidades, mas há muito tempo precisamos vencer os desafios básicos e eles passam pela logística. As rotas de integração significam enfrentamento desses desafios. Lutamos pela reconstrução desta BR 364. Essa é uma luta muito importante para os acreanos”, afirmou o senador.
Ao fim do encontro, o governador do Acre, Gladson Cameli, enfatizou a importância do avanço das rotas de integração sul-americana para o estado e agradeceu a presença do governo federal na capital acreana. Cameli ressaltou que com a obras dos aeroportos de Rio Branco e de Cruzeiro do Sul, o próximo passo seria a abertura para voos internacionais.
Visita ao Porto de Tabatinga
Após cumprir a agenda de Rio Branco-AC, a comitiva do Governo Federal seguiu rumo ao Amazonas, para uma visita técnica ao porto de Tabatinga, no Ministra Simone Tebet a bordo do navio- patrulha fluvial Rondôniamunicípio de mesmo nome, e navegaram pelo Rio Amazonas, com o governador Wilson Miranda Lima. Autoridades do Estado e parlamentares acompanharam os ministros e o governador do Amazonas em navegação na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, a bordo do navio- patrulha fluvial Rondônia. Tabatinga integra a Rota 2, Manta-Manaus, uma rota multimodal, mas principalmente hidroviária. “Essa rota está quase pronta. O que falta para que ela possa ser uma alternativa para escoar produtos da Zona Franca e do Amazonas, é uma alfândega na cidade fronteiriça, disse Tebet.
Outro ponto necessário é a dragagem da região do Porto de Tabatinga, uma obra que consta da lista de licitações futuras do governo federal, disse o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. Ele disse que a licitação pode sair entre os meses de junho e julho deste ano.
Tebet apresentou o projeto das cinco rotas Sul-Americanas e destacou que, ainda que a rota 2, faça a conexão entre Manaus e o porto de Manta, no Equador, o Amazonas também se beneficia das rotas 1 (saída para o Norte) e 3, que garante o acesso ao Porto de Chancay, no Peru. “Cada rota tem suas dificuldades e deficiências, mas são factíveis”, defendeu a ministra do Planejamento e Orçamento, destacando que o mapeamento que foi feito permite, justamente, identificar os gargalos de cada uma e concentrar os esforços em resolvê-los. Estamos falando, nas rotas, de um conjunto de obras rodoviárias, ferroviárias, portos e aeroportos, mas também de fibra ótica, para melhorar o acesso á internet, e também de alfândega”, acrescentou Tebet.
A ministra ressaltou a necessidade da preservação ambiental no tocante às obras constantes no projeto das rotas de integração sul-americana. “Vamos fazer isso com todo cuidado com a sustentabilidade, mas para garantir que o peixe chegue mais rápido, trazendo indústria sem chaminé, com opções para as mulheres e homens ribeirinhos, para transformar o cacau e o açaí em produtos semielaborados”, encerrou.