A senadora Simone Tebet (MDB-MS) reforçou o pedido ao governo federal para que apoie a criação de brigadas permanentes de incêndio no Pantanal de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. Em audiência pública virtual com o Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, nesta quarta-feira (4), ela lembrou que o Pantanal está há cerca de 5h de carro da capital, Campo Grande, e disse que a falta de estrutura física e de pessoal na região para debelar o fogo logo no início prejudica o combate. “A grande pergunta que o Pantanal nos fez é por que chegaram tão tarde?”, disse Simone ao Ministro.
Simone disse saber que a atribuição é do Governo do Estado, mas solicitou o apoio do Executivo Federal. “Nós poderíamos tentar fechar o ano com recurso para construção e a sinalização dos ministérios para a qualificação, além de um aporte para os próximos 4-5 anos (período previsto de estiagem), não só em MS, mas em MT. Quanto custa construir duas brigadas permanentes de incêndio com uma estrutura mínima ali? Quantos mil hectares de terras teriam sido preservados (se houvesse brigada permanente)?”, disse, pedindo o apoio de Marinho e da Ministra da Agricultura Tereza Cristina.
Durante a audiência, Marinho elogiou a Comissão do Pantanal e disse esperar do colegiado um subsídio das ações para cooperação. “A expectativa é de sermos parte da solução do problema, em conjunto com os governos estaduais, municipais, com o Congresso brasileiro, com mudanças eventuais da legislação, com aporte de recurso, com expertise técnica. Mas entendendo que isso é um processo que leva em consideração o conjunto da sociedade e aqueles que moram em cada um dos estados centrais do Brasil”, afirmou.
O Governo Federal já liberou mais de R$ 20 milhões para a compra de equipamentos e combustível necessários ao combate das queimadas no Pantanal. Também liberou outros R$ 19 milhões ao ICMBio para pagar brigadistas. Outros R$ 6 milhões foram concedidos ao Mato Grosso do Sul para a recuperação de pontes destruídas pelo fogo. Durante a audiência, os senadores ainda pediram apoio financeiro para a construção de pistas de pouso para que aeronaves possam se abastecer com água.
Recuperação de bacias e apoio à agropecuária
A senadora Simone Tebet ainda citou as linhas de financiamento para recuperação das bacias hidrográficas. A estimativa para o processo de revitalização completa é de 7 a 10 anos. “É bom saber que vamos dar o primeiro passo”.
Ela também pediu apoio ao produtor rural da região, ressaltando as maiores dificuldades pelas quais eles passam em função das especificidades da terra e do clima. “Se de um lado vamos ter recuperação das bacias e mesmo da erosão, que nós tenhamos também uma linha de crédito diferenciada para o produtor, para o homem do campo que está ali numa concorrência desproporcional porque ele tem que preservar as áreas, tem que ter mais reserva legal por conta da legislação e tem que ser assim. Ele tem 6 meses de seca e 6 meses de chuva, portanto, o gado é mais fraco, não pesa tanto, numa competição, de uma certa forma, injusta. Então, ele precisa de um olhar especial para que não queira sair do Pantanal”, defendeu.
Simone Tebet ainda ressalta que foram o pantaneiro e a pecuária que salvaram o bioma por séculos. Se não fosse a pecuária, a população local teria procurado outra atividade econômica para garantir o seu “ganha-pão”. Sem a pecuária, outras culturas teriam chegado, culturas incompatíveis com o bioma, teríamos um Pantanal hoje destruído e a maior planície alagável do mundo não seria no Brasil. É obvio que o Pantanal precisa ser preservado, mas não à custa da miséria e da fome do homem mais simples do campo que mora ali”, disse reforçando sua defesa de linhas de crédito especial para o produtor rural da região.
A Comissão do Pantanal foi instalada em 16 de setembro, com prazo de 90 dias para apurar e apresentar o relatório. O Ministro Rogério Marinho foi convidado a voltar para participar de outra audiência na Comissão em 30 dias.
Assessoria de imprensa