O principal adversário da emedebista, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se antecipou com sua campanha e já tem o apoio do PSD, PP, PL, PT, PSC, Pros e Republicanos, e até mesmo de legendas de esquerda como o PT e o PDT.
Nesta semana, o bloco de Simone teve a adesão do PSB, se somando ao Cidadania e ao Podemos. Apesar da virtual desvantagem, a senadora aposta nas conversas individuais para reverter votos para si.
Na segunda-feira (18), a parlamentar disse que é bom que a campanha rival acredite que ela está em desvantagem. “Hoje [segunda] foram quatro conversas até o momento e com três votos conquistados, mas é bom que pensem que continuo na faixa dos 30 votos”, afirmou à CNN Brasil.
As 11 senadoras devem ser as próximas a serem contatadas por Simone, a primeira mulher candidata à presidência da Casa. No PP, que decidiu apoiar Pacheco, Simone conseguiu o voto de Esperidião Amin (SC) e tenta conquistar Kátia Abreu (TO), Daniella Ribeiro (PB) e Mailza Gomes (AC). No PROS, que está com Pacheco, há a senadora Zenaide Maia (RN).
Há também o PSL, da senadora Soraya Thronicke (MS), onde o líder Major Olímpio (SP) mantém a candidatura própria à presidência do Senado.
No PSDB, que tem sete senadores e liberou a bancada, Simone tem três votos possíveis, entre eles o da única mulher da bancada, Mara Gabrilli (SP).
União do MDB
Durante agenda em Campo Grande na terça-feira (19), a senadora destacou a estratégia de busca de votos individualmente. “Se o meu adversário já tem uma aliança com vários partidos, eu estou conversando individualmente, senador por senador”, disse, ao comentar sobre a frente de apoio a Pacheco.
A emedebista afirmou que teve uma conversa “positiva” com a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), mas aguarda definição sobre uma possível candidatura de Major Olímpio (PSL-SP). “Eu sei que, no que depender dela, ela vota em mim. Mas a Soraya faz parte de um partido”, completou Simone Tebet.
A candidata à presidência também declarou que não desistiu do voto de Nelsinho Trad (PSD-MS), que já sinalizou seguir o alinhamento de sua sigla com Pacheco. “Ainda vou falar com o Nelsinho”, adiantou.
Ela aproveitou a entrevista coletiva para reforçar que sua candidatura não faz oposição ao governo federal, mas que lançou seu nome contra uma eleição de chapa única.
“Não temos a máquina na mão, não temos ministérios, cargos, emendas. Nossa campanha é de ideais, a fim de formar um bloco, uma grande aliança a favor do Brasil”, finalizou.
A votação para presidência do Senado é secreta, por isso, “traições” são sempre uma possibilidade. Por isso, a cúpula do partido entrou de vez na sua campanha, já na sexta-feira (22).
A sul-mato-grossense se reuniu com alguns dos principais nomes da legenda, como os líderes do governo no Senado, Eduardo Gomes (TO), e no Congresso Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PE); além de Renan Calheiros (AL), ex-presidente da Casa.
Os líderes e Renan vão continuar apostando no discurso de independência, em contraponto a Pacheco. Na avaliação dos emedebistas, a ampliação de esforços na campanha se fez necessário para combater Pacheco com mais força, que tem dado sinais de que quer “esmagar” os adversários, vetando-os em comissões.
Ao jornal O Globo, Pacheco minimizou o discurso. “O MDB é um partido importante, não só para os brasileiros, mas também na vida do Senado, tem 15 senadores [a maior bancada da Casa]. Tem o meu mais absoluto respeito. A própria candidata, Simone Tebet, é alguém com quem eu tenho uma relação excelente e de muito respeito. É muito qualificada como presidente da CCJ. Então o MDB, obviamente, precisa ser atendido nesses espaços também, em razão da sua bancada de 15 senadores”, declarou.
Endosso externo
Por sua vez, Simone tem buscado apoios na sociedade civil para pressionar a opinião pública em seu favor e ajudar a mudar votos. Movimentos de mulheres, empresários e agentes do mercado financeiro estão conversando com ela.
Na quinta-feira (21), Simone se encontrou com a empresária Luiza Trajano, líder do grupo Mulheres pelo Brasil. A reunião com a proprietária do grupo que tem a rede de lojas Magazine Luiza como principal ativo teve ainda a presença de pelo menos sete integrantes do movimento, de forma virtual.
A parlamentar tem o apoio da economista Elena Landau, ex-diretora do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que tem viabilizado outras reuniões. Representantes do mercado financeiro querem ouvir da senadora compromisso com o teto de gastos.
Entidades do Estado também manifestaram apoio à emedebista. É o caso da FCDL-MS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul) e da Fetracom-MS (Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços de Mato Grosso do Sul).
Integrante da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) conclamou, em nome da entidade, a advocacia brasileira a endossar o nome da senadora sul-mato-grossense, que é advogada por formação. E a ASMMP (Associação Sul-Mato-Grossense dos Membros do Ministério Público) divulgou uma nota declarando apoio à candidatura de Simone.
Outros candidatos
Além de Pacheco, Simone disputa o voto com os senadores Major Olimpio (PSL-SP) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Olimpio justifica sua candidatura por entender que o presidente da República, Jair Bolsonaro, tem se aproximado do PT, que apoia a candidatura de Rodrigo Pacheco.
O parlamentar espera contar com o apoio do grupo que compõem o Muda Senado, mas reconhece que tem poucas chances.
“Vou disputar a eleição para presidente do Senado com a mesma sensação do time que entra em campo sabendo que o adversário tem vantagens [cargos e emendas] e tem o juiz [Alcolumbre] como seu parceiro”, declarou em nota.
Kajuru lançou candidatura, mas a mantém mesmo tendo declarado apoio a Simone. De acordo com o senador, seu nome foi lançado como forma de “marcar posição” em pronunciamento que fará no dia da eleição como protesto à atual Presidência do Senado.
“Quando terminar eu direi o seguinte: não sou candidato, vocês aí podem ter melhores qualidades do que eu, mas vocês não têm uma qualidade que eu tenho: chama-se coragem”, disse.