Na data em que o ex-presidente do Senado Federal, Ramez Tebet, faria 83 anos, a filha, senadora Simone Tebet, fez um discurso emocionado. No Plenário, Simone disse que é difícil falar do pai no tempo passado. Ela citou trechos transcritos da última homenagem recebida por ele em vida oferecida pelos colegas de Senado na qual as qualidades do político sul-mato-grossense foram ressaltadas. “Foram ditos ali naquele momento como uma homenagem singela e as palavras que mais me chamaram atenção: prudência, consenso, coragem, desafio, luta, amizade, fraternidade, justiça. Creio que poderia escolher qualquer um desses adjetivos para o definir, mas justamente porque procuro seguir os seus rastros, me chamou mais atenção, de todos os adjetivos, o termo conciliação. Muitos disseram, o Senador Ramez Tebet é um pacificador, é um homem de conciliação. Homens como ele não fazem apenas falta a mim, fazem falta ao Brasil”, disse Simone Tebet lembrando também de outros grandes homens públicos como Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Mário Covas, Itamar Franco e Franco Montoro.
Para Simone, o Brasil atual está precisando justamente da conciliação. “O Brasil está dividido por muros, em especial o da desigualdade social. Ela lamentou a lacuna e a grande polarização existente na sociedade e na classe política. “Vamos deixar as nossas diferenças de lado. Vamos partir para a ação antes que seja tarde demais. Nós não temos só coisas boas na direita ou só coisas ruins na direita e vice-versa. É um somatório a favor do País que vai levar o Brasil, que tem essa desigualdade vergonhosa, a encontrar o seu destino, que é o destino de um país que nasceu para ser grande, para ser rico. E ele é grande e rico, mas jamais será fraterno e solidário enquanto essa riqueza não for compartilhada com todos, não for compartilhada com muitos”, defendeu.
Centro democrático
A senadora, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante do Senado Federal, defende o fortalecimento de um centro democrático em favor do Brasil. “Estou exatamente falando da importância e do papel do centro democrático, não desse centrão do Congresso Nacional ou da Câmara dos Deputados, mas do centro democrático, que possa voltar a existir para ajudar o Governo, o País, para que nós possamos honrar o mandato e que a população possa voltar a acreditar na classe política e na política brasileira”, defendeu. Ela lembrou do centro democrático da redemocratização, que na época abrigou todas as correntes ideológicas que se dispuseram naquele momento contra as barbáries cometidas na ditadura para dialogar.
Simone lamentou as desavenças ocorridas hoje entre amigos, nas famílias, inclusive, dentro do Congresso Nacional. “Essa mudança de postura depende de nós. Nós somos o exemplo, nós somos um espelho, nós somos a caixa de ressonância da sociedade. Que nós possamos voltar a honrar homens públicos da envergadura de Ruy Barbosa e de tantos que eu mencionei, fazendo aquilo que é o nosso dever”.
Ela finalizou o discurso lembrando uma característica do pai. “Quando ele precisava pensar, quando ele estava preocupado, ele andava nos corredores do Senado, especialmente no Túnel do Tempo, assobiando. Alguns diziam que era desafinado. Mas até nisso ele era conciliador. O que são notas desafinadas? São vária notas que estão ali pensando, comungando de forma diferente.
Que nós possamos, neste momento em que o País precisa, repito, ser, cada um de nós, deixando de lado um pouquinho dos nossos radicalismos, um pouquinho conciliadores a favor do País, especialmente daqueles que mais precisam”, finalizou.