O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, será questionado a partir das 9h desta quarta-feira (19) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre as mensagens vazadas pelo site The Intercept que sugerem atuação próxima do então juiz federal com a força-tarefa da operação Lava Jato. Será o primeiro depoimento de Moro no Congresso desde a revelação do material.
A presidente do colegiado, senadora Simone Tebet (MDB-MS), avalia que é imprevisível o clima em que se dará a reunião, mas vê o ministro a salvo, pelo menos neste momento, de medidas mais graves articuladas pela oposição, como a criação de uma CPI sobre os procedimentos adotados na Lava Jato.
Desde o vazamento das primeiras conversas, no dia 9 de junho, as reações mais ferozes contra o ministro no Congresso não partiram do Senado. Além de articularem a criação de uma CPI mista (que precisará da assinatura de pelo menos um terço dos congressistas das duas Casas para ser pedida), deputados fizeram requerimentos para audiências com Moro em várias comissões da Câmara. Uma delas, a de Administração, Trabalho e Serviço Público, já aprovou um convite para que o ministro fale no próximo dia 26.
Prevendo um ambiente menos hostil no Senado, Moro se antecipou e procurou Simone no último dia 11, quando ambos estavam em uma cerimônia militar da Marinha em Brasília, e colocou-se à disposição para falar no Senado. Com a mediação do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), a audiência foi marcada no mesmo dia. Simone vê chance de a sessão desta quarta-feira ser longa apesar de ocorrer na véspera de um feriado. “Vai depender da estratégia dos senadores “, afirma.
Para a senadora, a situação do ministro também não deve ter interferência decisiva em votações relevantes do Senado. Nesta terça (18), por exemplo, o plenário da Casa deve decidir se derruba ou mantém o decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibiliza o porte de armas para várias categorias profissionais. A emedebista faz parte do grupo de parlamentares que acreditam que o texto é inadequado não necessariamente pelo conteúdo, mas por ter sido feito em forma de decreto, e não via projeto de lei.